"A maior decepção que podemos experimentar é a de quando morrermos descobrirmos que NUNCA vivemos". (Sociedade dos poetas mortos)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Conhece-te a ti mesmo!

Quem nunca ouviu falar dessa célebre frase: "conhece-te a ti mesmo!"? Frase atribuída ao filósofo grego Sócrates, mas que na verdade não foi dita por ele, mas foi tomada como inspiração de toda a sua construção filosófica.

Podemos dizer, sem medo, que em Sócrates a filosofia passa por uma DIVISÃO DE ÁGUAS. Antes, no período chamado pré-socrático, todos os filósofos se ocupavam em encontrar o fundamento, a origem (arqué)  de todas as coisas, ou seja, qual seria o elemento primordial de onde tudo teria surgido, afinal, NADA SURGE DO NADA. A partir do filósofo ateniense essa preocupação muda do cosmos para o homem. Sua filosofia é essencialmente Antropológica, e sua maior preocupação é o homem e sua maneira de ver  e viver o mundo.


Aí você pode se perguntar, mas como Sócrates teria se interessado por esse ramo totalmente diferente do que se falava em filosofia na época? O que lhe teria motivado? Qual a mensagem que ele quis trazer? E é sobre isso que quero tratar agora. 

Como todos os gregos da época, Sócrates era politeísta, ou seja, acreditava em vários deuses. Vivia em Atenas, e lá existia um templo dedicado a Delfos, onde muitos gregos iam para rezar e consultar o seu famoso "oráculo". Um dia, ao subir ao templo, Sócrates se depara com uma inscrição que ficava na entrada do mesmo. Inscrição que possivelmente nunca notara antes. Ela dizia: Conhece-te a ti mesmo! Ao ler essa inscrição, algo diferente acontece com ele, então ele para, reflete e ali começa a brotar aquilo que seria um grande marco na história da filosofia.


Depois disso, Sócrates se torna verdadeiramente a "mosquinha de Atenas", sai pelas ruas, praças, banquetes, feiras, questionando todos os cidadãos da pólis grega. Ele começa a questionar: Vocês falam de justiça, mas o que é a justiça? E assim, enchia os atenienses de perguntas e mais perguntas. Em outra ocasião teria comparado a sua missão com a da sua mãe, que era parteira. Dizia ele:  Sou um parteiro de almas.  Minha missão é parir a verdade que se encontra no interior de cada pessoa.

Ou seja, o que Sócrates pregava era que nós devemos nos ocupar menos com as coisas (riqueza, fama, poder) e passarmos a nos ocupar com nós mesmos. Poderia objetar-se: com que propósito deveria ocupar-me comigo mesmo? Porque é o caminho que me permite ter acesso à verdade. Mas que tipo de verdade? Obviamente não é uma verdade qualquer, tal como a fórmula química da água, mas a verdade que é capaz de transformá-lo no seu próprio ser de sujeito. 

É esse ato de conhecimento, capaz de promover nossa autotranscendência, de que fala Sócrates. Conhecer a mim mesmo para saber como modificar minha relação para comigo, com os outros e com o mundo.

João Paulo de Lorena. 


Um comentário:

  1. Interessante suas considerações, João. Percebo que recentemente eu acordei para a importância do conhecer-se a si mesmo. Aos poucos venho me ocupando com a minha própria autoanálise e buscando penetrar na intimidade do meu ser. A propósito, qual a fonte da imagem que você usou neste post? Vejo que ela retrata bem a ideia do autoconhecimento e gostaria de saber se eu posso usá-la?

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